Em
artigo do Professor Arnaldo Pinto Júnior intitulado As potencialidades da história local para a produção de conhecimento em
sala de aula: o enfoque do município de Sorocaba, Júnior põem em pauta a importância
que a elaboração de trabalhos históricos locais representam para o ensino de
história, problematizando assim, a visão tradicional dessa disciplina, na qual,
o estudo histórico mantém pouca ou nenhuma vinculação com o universo dos alunos.
Pensando em termos benjaminianos, Junior defende a idéia de que, “(...) a
valorização das experiências pessoais em relação a uma especificidade social é
fundamental para a tessitura de uma analise histórica ampla, que ouvira vozes esquecidas,
apagadas, dissonantes das versões generalizadoras (JÚNIOR, 2001, P. 38). Dessa
forma, Junior valoriza um trabalho onde o conjunto de informações de origem
institucional, jornalística, publicitária, e política sejam confrontados com as
memórias locais, oportunizando isso, o resignificar da história de uma determinada
cidade. Tomando como base o caso da cidade de Sorocaba, Júnior problematiza o
discurso e as praticas de modernização que vieram a se instaurar nessa cidade
desde 1903. Tal como em Aracaju, as elites de Sorocaba condicionaram um tipo de
modernização, na qual, o preconceito e a discriminação contra os segmentos
marginalizados persistiram (tais como os negros e os trabalhadores das tecelagens
da cidade), inviabilizando-se assim, a consolidação de relações sócio políticas
democráticas. Em Sergipe, com a decadência da atividade açucareira, as elites
buscaram, em Aracaju, adotar as mesmas (ou similares) praticas de modernização
que viam sendo aplicadas em diversas partes do país, em sintonia com os ideais
da chamada Belle Époque. Em primeiro de Maio de 1911 é fundada a Escola federal
de Aprendizes e Artífices em Aracaju, com a qual, as elites desejavam formar
trabalhadores eficientes, produtivos e disciplinados para as fabricas. Com base
em discurso proferido pelo medico Augusto Leite, na inauguração dessa escola,
podemos perceber a tamanha exaltação que este faz ao trabalho fabril, alem de
fazer uma apologia a um futuro promissor. Todavia, em nenhum momento a figura
do trabalhador é consagrada em seu discurso, deixando transparecer nisso, a
desvalorização dessa modernização para com os trabalhadores (desvalorização
esta, que há de ser ratificada pelos péssimos salários e condições de trabalho desses
trabalhadores). A urbanização da capital também se constitui em um aspecto
dessa modernização, no qual, a discriminação para com a gente pobre se fizera
presente com a desapropriação de suas casas e a conseqüente transferência dessas
pessoas para zonas distantes da área central da capital (que, naquela época,
era uma área de prestigio).
Evidenciado a importância do trabalho com a história
local, o texto de Junior aqui discorrido não deve ser apreciado apenas como um
artigo sobre a cidade de Sorocaba, mas também, como um artigo que oferece subsídios
para todos aqueles que queiram trabalhar com esse processo de ensino e aprendizagem,
no qual, a historia local seja contemplada.
JÚNIOR, Arnaldo Pinto. As potencialidades da
história local para a produção de conhecimento em sala de aula: o enfoque do
município de Sorocaba. Revista Área de conhecimento história, Ibep,
Ano I, N-3, julho de 2001, p.37-40. J
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